Conectividade e critérios de escolha

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As tradicionais características determinantes na hora de adquirir um veículo, como potência, câmbio, torque e até mesmo o design ou conforto, estão sendo substituídas pela centrais multimídia e pela conectividade. O motivo disso? A necessidade constante, principalmente dos jovens, de estar conectado a todo momento.

Por conta disso, as marcas estão se adaptando cada vez mais à situação. O número de modelos com o chamado “espelhamento”, que transfere as informações do smartphone para a tela do veículo, através de aplicativos como Apple CarPlay e Android Auto, tem crescido exponencialmente. Inclusive, as maiores novidades de alguns modelos estão, de alguma maneira, relacionadas a tecnologias multimídias. O novo Fiat Mobi é um exemplo disso, a marca deu o maior destaque para o sistema chamado Live On, que utiliza o próprio celular do motorista, ou do passageiro, como tela multimídia, acomodando-o no painel e compartilhando informações entre celular e computador de bordo do veículo. As virtudes ou não do modelo, como design, segurança, desempenho, estabilidade, não foram nem exploradas.

Segundo um estudo da Analysys Mason, em dez anos, 89% dos carros à venda estarão conectados à internet, com isso, em 2024 metade da frota em circulação terá algum tipo de conexão. Mas até que ponto essa evolução tecnológica é positiva dentro do setor automotivo?

mg_2183Esse avanço tecnológico trouxe inúmeros pontos positivos, principalmente para os mais jovens que viveram numa época em que se locomover está completamente associado ao GPS ou aplicativos como Waze. Apesar daqueles que não são tão jovens terem interesses e critérios diferentes na escolha do automóvel, como câmbio, motor 2.0, 1.6 ou 1.8, aspirado ou turbo, econômico ou “gastão”, entre outros elementos intrínsecos ao automóvel, eles se adaptam também às novas tecnologias, como o GPS, que facilitou, de maneira incontestável, a vida da maioria dos motoristas.

No entanto, junto a essa praticidade, esse avanço trouxe características negativas, como uma maior distração no trânsito, muitas vezes causado por essa hibridização entre aparelhos eletrônicos e equipamentos do veículo. Hoje a multa por manuseio de aparelhos eletrônicos (telefone celular) é considerada gravíssima, mas a utilização do celular no painel do veículo não gera nenhum tipo de advertência. O que difere a distração por manuseio do celular sem nenhum tipo de vínculo com o veículo e o celular que está acoplado ao painel, ou o aplicativo de emparelhamento e espelhamento? Nada. A existência de aplicativos como Spotify, mensagens de texto, entre outros, causam, da mesma maneira, desatenção. Entretanto, sistemas com comando de voz podem ajudar nesse ponto, deixando as mãos do motorista livres dos aparelhos em quanto os utiliza e dirige ao mesmo tempo.

ESCOLHA CORRETA

Em uma análise superficial, podemos chegar ao ponto em que a buscar por conectividade pode redirecionar o olhar do eventual comprador das principais coisas a serem consideradas, levando-o a uma aquisição que venha se arrepender depois. Por exemplo, ao comprar um automóvel pensando apenas nas tecnologias multimídias, o consumidor deixa de levar em consideração itens muito mais importantes, como segurança, consumo, tecnologia mecânica, etc. Deixa também de levar em conta a adequação do modelo para o seu uso no dia-a-dia, como, além dos itens acima, a capacidade de acomodar os passageiros e tamanho.

GRATUIDADE

O sistema Play On, disponibilizado pela Chevrolet nos novos modelos, como o Cruze, por exemplo, que traz ao motorista uma central de atendimento instantânea, tem gratuidade temporária. A nova geração do Cruze, que chega no segundo semestre deste ano, terá três meses para uso, após esse tempo o proprietário terá de comprar a versão do aplicativo para continuar utilizando-o. Ou seja, quem é que banca essa novidade? O próprio consumidor.

Pensando de uma maneira mais radical, isso pode ficar ainda mais evidente numa eventual superlotação destas centrais de atendimento. Em um futuro nem tão distante, como vimos na pesquisa da Analysys Mason, o número de veículos conectados a esses tipos de sistemas será imenso, então, qual a capacidade dessas centrais? É possível que seja preciso uma adequação, ou uma expansão, que possivelmente será bancada por consumidores.