Vão passando os anos, as gerações e o superesportivo não para de aumentar a sua legião de fãs. O primeiro Porsche 356 surgiu 1947 e foi produzido até 1965. Recebeu este nomenclatura porque era o 356º projeto que saia do escritório de design de Ferdinand Porsche. Mas foi em 1963, no Salão de Frankfurt que surgiria o automóvel que mudaria a indústria dos modelos esportivos: o 901.
Motor boxer (cilindros opostos) refrigerado a ar, de 130 cavalos levava o modelo a impressionantes 201 quilômetros por hora. Como 901 era um numero registrado pela Peugeot, passou a ser denominado 911 e em 1964 ganhava as ruas. Desde então, a cada geração, o modelo se supera e não para de registar aumento de vendas.
Em todo o mundo, há filas de espera para adquirir qualquer modelo da linha. No Brasil, a espera pode chegar a quase um ano, ainda mais se for o modelo que avaliamos.
Na sua oitava geração, o Carrera 911 Cabriolet é um daqueles carros espetaculares, de sonho. Porém, para poucos.
A combinação do design, esportividade, luxo e desempenho é uma união simplesmente maravilhosa. As linhas da 8º geração deixaram o modelo com uma aparência ainda mais forte e musculosa. As linhas vão se modernizando, mas não mudam. Mudar para quê? Não adianta, é uma obra de arte. Eterna.
Entrar no modelo, mesmo sendo um carro baixo, é muito fácil. Se acomodar, mais fácil ainda. Os bancos concha, com várias regulagens, são muito confortáveis e seguram muito bem o motorista. Atrás, dois bancos que têm dificuldade de acomodar até crianças muito pequenas. Servem como enfeite ou para carregar algum objeto.
Como é tradição nos modelos da marca alemã, a “chave” para acionamento do motor é do lado esquerdo do volante, ao contrario dos demais automóveis.
Por quê? Simples. A resposta vem das pistas de corrida. Antigamente, principalmente nas provas de endurance muito importantes para as marca, os bólidos ficam de um lado e os pilotos do outro da pista.
Quando o diretor de prova determina eles correm, entram, ligam os motores, engatam e saem. Quanto mais rápido melhor. Então enquanto a mão esquerda girando a chave para dar partida no motor, a mão direita está na alavanca de câmbio colocando a primeira. Depois que saiam é que os pilotos afivelavam o cinto de segurança. E a tradição das pistas foi transferida para os carros de rua e permanece até hoje.
Mas vamos ao que interessa. O interior é primoroso, com acabamentos da melhor qualidade e muito bonitos. O painel espetacular, com o conta-giros ao centro e vários “relógios” de informações em volta. A tela da central multimídia é de tamanho adequado e muito intuitiva e com vários gráficos em alta resolução.
Como num cockpit de um carro de competição, todos os comandos estão perto das mãos ou no volante. , pelo formato dos botões. Ao centro, no console central, está o seletor de marchas, pequeno e que pode ser operado facilmente com um dedo. Porém, aqui vai a nossa primeira critica (tem que ser metido): atrás do seletor estão os controles do ar condicionado.
Na estrada, principalmente, que estamos ainda mais focados, por duas vezes ao aumentar ou diminuir o ar, tocamos no seletor que entrou em neutro. Isso é muito perigoso, pois deixa o carro sem “ação”. O seletor de marchas poderia e deveria ficar para trás.
Ao ligar o Porsche começa a sinfonia. Mesmo quem não gosta de automóveis se encanta com a música, rouca, alta e maravilhosa que saem dos escapamentos. No painel tem um botão onde o motorista pode diminuir o som. Mas para quê? Se não quisesse ouvir essa rounco, não comparava um Porsche.
Diferente dos demais esportivos, no Porsche é possível aliar o uso no dia-a-dia com um desempenho mais agressivo numa estrada ou até numa competição nos fins de semana.
Na Europa e EUA é muito comum os proprietários usarem o 911 para o uso normal na semana e disputarem corridas nos finais de semana.
O motor de três litros, seis cilindros, boxer oferece 450 cavalos e 54,1 kgfm de torque. A aceleração é simplesmente espetacular. Ao acelerar o corpo cola no banco. O 911 Cabriolet acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3,5 segundos. E a velocidade máxima é de 306 quilômetros por hora (e ele pesa 1585 quilos). O câmbio é um PDK de dupla embreagem de oito marchas e a tração é traseira.
No volante, um botão redondo permite que se escolha a maneira com que deseja usufruir do modelo. São cinco modos de condução: Individual (que o motorista configura as suas preferencias), o Wet (mais adequado para pistas molhadas), Normal (mais confortável, dócil e com a suspensão mais macia) Sport (endurece a direção e a suspensão e fica mais agressivo) e a mais interessante que é a Sport Plus (nesta posição o carro fica quase um modelo de competição, com reações mais ágeis, trocas de marchas mais rápidas e a suspensão dura. Um show).
Aliás, diga-se de passagem, a estabilidade do 911 Cabriolet em qualquer situação e em qualquer dos modos de condução, é maravilhosa. O carro está na mão e sempre pregado no asfalto. Além do acerto da suspensão (na dianteira é tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal) conta om a ajuda dos pneus 245/35 R20 na dianteira e 305/30 R21 na traseira (tipo multibraço e traseira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal). Conta com ajuda da eletrônica, mas é muito bem acertado.
Tudo neste carro impressiona, mas um dos destaques é a capacidade dos freios a disco (e enormes) de parar o esportivo. Mesmo nas velocidades mais elevadas, o 911 pára em espaços curtos e sem qualquer desvio. E os números refletem isso: o modelo alemão freia de 60 até a imobilidade em 12,4 metros. A 120 a distancia é de 48,2 metros.
Andar nas ruas é absolutamente normal ou quase, afinal você está num modelo que é o sonho de boa parte de quem gosta e de quem não de automóveis: com toda a certeza, os olhares são de admiração ou inveja.
Várias pessoas querem interagir com que o dirige, geralmente com enormes elogios. Ainda mais quando se abaixa a capota. Aí começa o show. E que maravilha, que sensação de liberdade e de quanto é bom ter dinheiro. Muito. A capota pode ser acionada com o carro em movimento de até 40 quilômetros por hora e em menos de 12 segundos ela se abre ou fecha.
E o melhor local para se usufruir dessa possibilidade é a estrada. Numa rodovia como a Bandeirantes, o Porsche 911 está em “casa”. Numa viagem de Campinas a São Paulo, para quem faz várias vezes por semana, torna-se monótona, chata. Com o 911 são momentos de puro prazer e felicidades. E não precisa ir rápido. “Hum já chegou?”. Agora se for acelerando, é muito melhor.
Apesar de não ter um espaço, o esportivo alemão tem um pequeno porta-malas de 130 litros na frente, onde é possível acomodar compras e duas pequenas maletas. Dá para viajar com as roupas de um final de semana.
O consumo é outro destaque: na cidade fizemos médias superiores a oito quilômetros por litro e na estrada de 12 km/l. Na estrada, acompanhando o trafego, chegamos a fazer 16 quilômetros por litro a 120 por hora.
Obviamente, esses números desabam quando se acelera. Cada vez que se pressiona o pedal da direita, a gasolina vai diminuindo rápido no tanque de 64 litros. (Antônio Fraga)